Eu estava entediada. Passara o dia inteiro assistindo TV , navegando na internet e comendo. Não fizera mais nada. A tardinha, caí em uma dor de cabeça forte e sentia os efeitos do remédio que havia tomado. Precisava sair, respirar o ar gelado do inverno, caminhar, conversar. O problema era esse: não sabia com quem conversar. Pra dizer a verdade, sabia. Paul era minha melhor opção. Meu melhor amigo. Enquanto pensava se sairia ou não, começara a lembrar de quando conheci meu porto seguro. Estava lá, o garoto magro, branquelo e com o cabelo espalhado na cara, sentado com as pernas juntas, como se tivesse colado uma na outra, explicando de onde viera, no primeiro dia de aula. "V-v-v-v-im do Canadá", dizia Paul com as mão trêmulas. Depois disso, lanchamos juntos e nunca mais nos separamos. De quieto e tímido ele não tinha nada. Sempre dizia palhaçadas do tipo: "Mary, me concede um beijo?". Aquilo me fazia corar. Reconhecia que não queria Paul só como amigo, mas nunca admiti. Sempre inventava uma desculpa e ele relevava. Mas com o passar do tempo, ele ficara mais sério. Paul cansara de esperar. Por esse motivo, tinha medo de chamá-lo pra caminhar tarde da noite. "Vai ser hoje! Não posso mais enrolar... Não quero perde-lo de vez. Força Mary! Força! Sempre corajosa pra tantas coisas , e com medo de dar um beijinho? ", pensava eu apreensiva com a ideia do primeiro beijo. Mas estava decidida. Peguei o telefone. " Atende...Atende...A-a-a-lô ,Paul? É a Mary...Você ta livre agora? Queria dar uma volta na praça...Pode ser? Ok! Te espero sim. Thau.", Paft! O telefone caira da minha mão por conta do suor das mãos. Tinha 10 minutos para me arrumar.
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Na praça, batia os pés com tanta força no chão que chegava a doer.
- Cheguei minha princesa. Desculpa a demora.
Ele estava com o meu casaco predileto e com as bochechas vermelhas por conta do frio. "Aaaai meu Deus! O casaco! Esqueci em cima da cama. Fiquei tão nervosa que esqueci que sinto frio também.", pensei quando vi as bochechas de Paul.
- Oi Paul ! Que saudade.
- Eu também estava com saudades...Não está sentindo frio não?
- Não...-disse para evitar abracinhos - hahaha....
-Então ta né... eai, vai ficar aqui ou vai andar?
- Acho que vou andar um pouco..
Começamos a andar pela praça, o vento frio começava a ficar forte e eu tremia.Era impossível esconder.
- Ei, vamos parar aqui.
Encostamos em uma árvore. Paul me puxou para mais perto me abraçou.
- Paul.. - disse assustada.
- Sei que você está com frio, só não quer admitir.
Ele estava certo. Nada poderia me esquentar mais do que um abraço seu.
- Ei Mary, você ta linda sabia?
- Ah, obrigada Paul. Quantas vezes você já disse isso?
- Sei lá.. Não me canso de falar. Amo você Mary. - Levantou meu rosto fazendo nossos olhares encontrarem-se - Não há nada melhor do que estar com você.
Paul se aproximou dos meus lábios dando o maior presente que uma menina apaixonada poderia ganhar: um beijo. Um momento mágico acontecia no meu mundo. O que eu tanto sonhava, havia se concretizado e com a pessoa que eu amava.
- Eu também te amo. - disse.
Aquela noite deveria ser eterna.
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- Mas vovó, por onde anda Paul hoje?
- Ele foi pra um lugar muito bonito , meu neto. Quando voltamos , ele me deixou em casa e saiu andando de costas me jogando beijinhos. Por causa da distração, ele acabou "batendo" em um carro - dizia Dona Mary, entre as lágrimas - e foi pro paraíso.
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